Cartaz alusivo ao golpe militar de 1926, com Salazar à esquerda. |
Na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi instaurada em
Portugal uma ditadura militar que culminaria na eleição presidencial de Óscar
Carmona em 1928. Foi durante o mandato presidencial de Carmona, período que se
designou por "Ditadura Nacional", que foi elaborada a Constituição de
1933 e instituído um novo regime autoritário de inspiração fascista - "o
Estado Novo". António de Oliveira Salazar passou então a controlar o país
através do partido único designado por "União Nacional", ficando no
poder até lhe ter sido retirado por incapacidade em 1968, na sequência de uma
queda de uma cadeira em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por
Marcello Caetano, que pôs em prática a Primavera Marcelista (processo de reestruturação do Estado Novo) e dirigiu o
país até ser deposto no dia 25 de Abril de 1974.
Durante o Estado Novo, Portugal foi sempre considerado como um país
governado por uma ditadura pela oposição ao regime, pelos
observadores estrangeiros e até mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Os processos eleitorais não eram universais e eram
considerados fraudulentos pela oposição.
O Estado Novo tinha como polícia política a PIDE (Polícia Internacional
de Defesa do Estado), versão renovada da PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa
do Estado), que mais tarde foi reconvertida na DGS (Direcção-Geral de
Segurança). A polícia política do regime, que recebeu formação da Gestapo e da
CIA, tinha como objectivo censurar e controlar tanto a oposição como a opinião
pública em Portugal e nas colónias.
Na visão histórica dos ideólogos do regime, o país teria de manter uma
política de defesa, de manutenção do "Ultramar", numa época em que os
países europeus iniciavam os seus processos de descolonização progressiva.
Apesar de séria contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve
a sua política irredentista, endurecendo-a a partir do início dos anos 1960,
face ao alastramento dos movimentos independentistas em Angola, na Guiné e em
Moçambique.
Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento
industrial que protegia certos monopólios e certos grupos industriais e
financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre
até à década de 1960, sendo consequência disso um significativo acréscimo da
emigração.Contudo, é durante a década de 60 que se notam sinais de
desenvolvimento económico com a adesão de Portugal à EFTA.[24]
Documento censurado pelo Gabinete de Censura da Pide. |
A PIDE foi criada
pelo Decreto-Lei n.º 35 046 de 22 de outubro de 1945[1] - em substituição da
Polícia de Vigilância e Defesa do Estado[2] - sendo considerada como um
organismo autónomo da Polícia Judiciária e apresentada como seguindo o modelo
da Scotland Yard, mas foi de facto o prolongamento da PVDE, criada com a
consultoria dos fascistas italianos e da Gestapo alemã e continuaria, sob o
nome de Direção-Geral de Segurança (DGS), depois de 1969 e até à Revolução do
25 de Abril. Neste dia, os agentes da DGS foram os únicos que reagiram abrindo
fogo e provocando vítimas mortais entre os civis. A PIDE desempenharia tanto
funções administrativas como funções de repressão e de prevenção criminal.
No âmbito das suas
funções administrativas, competia-lhe encarregar-se dos serviços de emigração e
passaportes, dos serviços de passagem de fronteiras e dos serviços de
permanência e trânsito de estrangeiros em Portugal.
No âmbito das
funções de repressão e de prevenção criminal, competia à PIDE a instrução
preparatória dos processos respeitantes aos crimes de estrangeiros relacionados
com a sua entrada ou com o regime legal da sua permanência em território
nacional, às infrações relativas ao regime da passagem nas fronteiras, aos
crimes de emigração clandestina e aliciamento ilícito de emigrantes e aos
crimes contra a segurança exterior e interior do Estado.
José Coelho, militante do PCP com a típica saudação comunista. |
Humberto Delgado, o General Sem Medo. |
Pelo Decreto-Lei
n.º 49 401, de 24 de Novembro de 1969, o Governo presidido por Marcello Caetano
substituiu a PIDE pela Direcção-Geral de Segurança (DGS), que, por sua vez, foi
extinta na sequência da Revolução de 25 de Abril de 1974, pelo Decreto-Lei n.º
171/74, de 25 de Abril.
Designa-se por
Guerra Colonial, Guerra do Ultramar (designação oficial portuguesa do conflito
até ao golpe de estado ou revolução de 25 de Abril), ou Guerra de Libertação
(designação mais utilizada pelos africanos independentistas), o período de
confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos
movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola,
Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1974. Na época, era também referida
vulgarmente em Portugal como Guerra de África.
Combatentes do Ultramar. |
Ao longo do seu
desenvolvimento foi necessário aumentar progressivamente a mobilização das
forças portuguesas, nos três teatros de operações, de forma proporcional ao
alargamento das frentes de combate que, no início da década de 1970, atingiria
o seu limite crítico. Pela parte portuguesa, a guerra sustentava-se pelo
princípio político da defesa daquilo que considerava território nacional,
baseando-se ideologicamente num conceito de nação pluricontinental e
multi-racial. Pelo outro lado, os movimentos de libertação justificavam-se com
base no princípio inalienável de autodeterminação e independência, num quadro
internacional de apoio e incentivo à luta.
Em Angola, os
efectivos militares contavam, no início de 1961, com 5000 militares africanos e
1500 metropolitanos, organizados em dois regimentos de infantaria — um em
Luanda e outro em Nova Lisboa (actual Huambo) — cada um com dois batalhões de
instrução e outro de atiradores) e um grupo de cavalaria, sediado em Silva
Porto. A densidade média era, portanto, de um soldado para cada 30 km².
Imediatamente disponíveis para acorrer à zona afectada estavam apenas mil
soldados europeus e 1200 africanos.
António de Spinola. |
Amilcar Cabral |
Marcelo Caetano,
em conflito com Spínola, dispensou o general do cargo de governador, que seria
ocupado por Bettencourt Rodrigues a 21 de Setembro de 1973. Três dias depois, o
PAIGC declarava a independência do novo estado, em Madina do Boé. Curiosamente,
nem Spínola nem Bettencourt estavam no terreno durante esta ocorrência.
Em Moçambique, o
movimento de libertação, denominado Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO), efectuou a sua primeira acção nos dias 24 e 25 de Setembro de 1964,
num ataque a Chai, na província de Cabo Delgado, estendendo-se posteriormente
ao Niassa, Tete e para o centro do território. Porém, um relatório do Batalhão
de Caçadores 558 refere acções violentas a 21 de Agosto de 1964, na região de
Cabo Delgado, como indica o relatório do Batalhão de Caçadores 558. O mesmo
relatório refere que, três dias depois, um padre da Missão de Nangololo tinha
sido ferido mortalmente. Estas acções foram atribuídas a grupos de
guerrilheiros MANU e da UDENAMO.
A 16 de Novembro
do mesmo ano, as tropas portuguesas sofriam as primeiras baixas no Norte de
Moçambique, região de Xilama. A organização e armamento dos guerrilheiros
evoluía rapidamente. Também o acidentado terreno, a baixa densidade das forças
portuguesas e a fraca presença de colonos facilitaram a acção da Frelimo, que
alargava a sua acção para Sul, na direcção de Meponda e Mandimba, mostrando
intenção de ligar-se a Tete, atravessando o Malawi, que apoiou, nos primeiros
anos, o trânsito e refúgio de guerrilheiros.
Até 1967, a
FRELIMO mostrou-se menos interessada pela região de Tete, exercendo o seu
esforço nos dois distritos do Norte, onde a utilização de minas terrestres se
destacou de forma particular. No Niassa, a intenção da FRELIMO era
simultaneamente criar uma zona livre, e uma zona de passagem para Sul, em
direcção à Zambézia
Até 1973/74, as
atenções viravam-se para Cabora Bassa. Os últimos tempos de guerra
caracterizaram-se pelo avanço da FRELIMO para Sul, registando acções na zona de
Chimoio e agitação das populações de origem europeia. O general Kaúlza de
Arriaga disponibilizava-se para continuar o comando, mas impunha condições que
o Governo de Lisboa não aceitou. Terminada a sua comissão em Agosto de 1973,
foi substituído pelo general Basto Machado. A situação continuaria a
deteriorar-se até aos designados "acontecimentos da Beira", em
Janeiro de 1974, quando as populações brancas de Vila Pery e da Beira se
manifestaram contra a incapacidade das forças portuguesas de suster a situação,
já esgotada de efectivos e sem possibilidade do reforço dos meios de combate.
A resistência à
dominação portuguesa na Índia manifestou-se no contexto da descolonização
europeia. Após a independência indiana concedida pelos britânicos, em 1947,
Portugal recusou-se a aceder ao pedido da Índia para rescindir a sua posse. A
atitude era condenada pelo Tribunal Internacional e pela Assembleia das Nações
Unidas que se pronunciou a favor da Índia. Em 1954, após a descolonização
francesa Pondicherry, a União Indiana anexou os territórios de Dadrá e Nagar
Haveli, que desde 1779 faziam parte do Estado Português da Índia.
A Índia impediu
Portugal de deslocar militares para a sua defesa, acabando por anexar
formalmente os enclaves em Agosto de 1961, após vários protestos pacíficos, com
o governo português liderado por António de Oliveira Salazar a recusar-se a
negociar. Em Dezembro de 1961, a União Indiana invadia os territórios de Goa,
Damão e Diu. De 18 para 19 de Dezembro de 1961 uma força de 40.000 soldados a
Índia independente conquistou Goa, numa acção armada - feita por terra, ar e
mar, que durou cerca de 36 horas - acabou com o domínio Português de 451 anos
em Goa encontrando pouca resistência, e integrou o Estado Português da Índia no
seu território.
O último governador do Estado Português da Índia, o general do Exército Português Manuel António Vassalo e Silva caiu, junto com a guarnição portuguesa em Goa, quando da invasão indiana. Vassalo e Silva, com cerca de 3000 homens em armas, teve de se render (e ficaram temporariamente prisioneiros, e em «maus lençóis») perante as forças indianas que contavam com cerca de 40000. Teve no entanto ordem de Oliveira Salazar para que não se rendessem e lutassem até à morte. Como Vassalo e Silva «decidiu» a rendição, face às circunstâncias, foi expulso das Forças Armadas Portuguesas, tendo sido reintegrado após o 25 de Abril.
O último governador do Estado Português da Índia, o general do Exército Português Manuel António Vassalo e Silva caiu, junto com a guarnição portuguesa em Goa, quando da invasão indiana. Vassalo e Silva, com cerca de 3000 homens em armas, teve de se render (e ficaram temporariamente prisioneiros, e em «maus lençóis») perante as forças indianas que contavam com cerca de 40000. Teve no entanto ordem de Oliveira Salazar para que não se rendessem e lutassem até à morte. Como Vassalo e Silva «decidiu» a rendição, face às circunstâncias, foi expulso das Forças Armadas Portuguesas, tendo sido reintegrado após o 25 de Abril.
Fotografia alusiva ao Golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 |
O Programa do
MFA, da responsabilidade da sua Comissão Coordenadora apresentava, de forma
inequívoca, a vontade de possibilitar a independência das colónias. Porém, a
remoção desta alínea, negociada durante a noite de 25 para 26 de Abril,
levantaria ainda alguns equívocos a respeito, que só seriam esclarecidos pela
Lei 7/74 de 27 de Julho. Esta medida levantaria grande parte da cortina que
separava o Estado Português de conseguir negociações com os movimentos de
libertação. Dava-se assim início ao processo de descolonização.
Porém, a
ambiguidade das primeiras posições relativas à nova política colonial gerou
situações duvidosas que não puderam ser ultrapassadas sem graves
desentendimentos. Cada redefinição do processo representava uma dura luta entre
António de Spínola e a Comissão Coordenadora do Programa do MFA.
Iniciaram-se as
negociações com o PAIGC e com a Frelimo, que levaram à assinatura de protocolos
de acordo. Em Argel, a 26 de Agosto ficava concluído o processo entre Portugal
e o PAIGC, em que a ex-colónia era reconhecida como estado soberano, sob o nome
de «República da Guiné-Bissau». O último contingente militar regressou da Guiné
em 15 de Outubro.
Relativamente a
Moçambique, seria assinado a 7 de Setembro, em Lusaka, um acordo conducente à
independência moçambicana. Contudo, grupos organizados, num movimento contrário
ao acordo, assaltaram as instalações da Rádio Clube de Moçambique, em Lourenço
Marques e outras cidades, e seus emissores regionais, sugerindo a intervenção
da África do Sul. Esta tentativa desestabilizadora do processo de paz viria a
fracassar, sob a acção das Forças Armadas Portuguesas.
Relativamente a
São Tomé e Príncipe e Guiné Portuguesa, foi assinado o Acordo de Argel em 25 de
agosto de 1974 .
Quanto a Cabo
Verde, o acordo entre Portugal e o PAIGC já estabelecia o princípio do acesso
deste arquipélago à autodeterminação e independência. Em 17 de Dezembro seria
publicado o Estatuto Constitucional de Cabo Verde, prevendo eleições por
sufrágio directo e universal, a 30 de Junho de 1975. A assembleia instituída a
partir daí proclamou a independência do território a 5 de Julho de 1975.
Em Angola,
a aproximação dos três movimentos de libertação constituía uma dificuldade para
o governo português. Com efeito, pairava a possibilidade do alargamento de um
confronto entre os países ocidentais, a África do Sul e a União Soviética.
Spínola reunir-se-ia ainda com Mobutu, com alguma continuidade, mas viria a
demitir-se do cargo a 30 de Setembro. Com Costa Gomes na Presidência da
República Portuguesa, desenvolveram-se conversações dirigidas especificamente a
cada um dos movimentos. Inicialmente, com a FNLA, posteriormente com o MPLA.
Porém, as várias tentativas de restabelecer a paz em Angola e minimizar o
impacto da descolonização seriam deitadas por terra rapidamente. A guerra civil
arruinou a serenidade deste processo, agravando a situação interna, com
milhares de vítimas e a fuga dos portugueses.
Também em
Timor-Leste se verificou um período dramático, já que as autoridades
portuguesas não tinham como dispor de capacidade para normalizar os conflitos,
acabando a Indonésia por invadir a ilha.
É também neste
contexto que o 25 de Abril de 1974 mostra uma luz de esperança, ao ser
instituída a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA) que teve como
primeiro acto a apresentação à Junta de Salvação Nacional de um conjunto de
princípios reivindicativos, que possibilitavam a prestação de serviços de apoio
aos associados, desde os processos burocráticos e administrativos, aos cuidados
de saúde, reabilitação física e integração social. Esta associação conta com
mais de 13 500 associados, ilustrando perfeitamente as necessidades sentidas
pelos feridos de guerra. No entanto, alguns levantamentos estatísticos
efectuados pela ADFA apontam a marca para os 25 milhares, durante todos os 13
anos de guerra. Em relação ao stress de guerra, a ADFA estima números bastante
superiores aos apontados pelas fontes oficiais (560).
Na ex-Guiné
Portuguesa, uma parte dos que combateram pelo lado do governo de Portugal
contra o PAIGC, eram soldados ou milícias naturais do próprio território. Após
a independência, a grande maioria desses combatentes foram abandonados à sua
sorte em consequência de várias circunstâncias entre as quais a falta de
definição do seu estatuto nos acordos assinados entre as forças beligerantes e
à falta de capacidade de resolução de tantos problemas em simultâneo pelos
novos governantes de Portugal durante a Revolução dos Cravos.
A principal
consequência desses factos foi a sua perseguição e assassinato pelos seus
antigos inimigos. Estima-se que tenham sido assassinados sumariamente milhares
de ex-combatentes, havendo quem avance com números na ordem dos onze mil.
Artigo composto por:
D.A
J.F
RickyDead
E.C
S.P
M.E
O Oliveira
N.A
a 20/04/16
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O Oliveira
N.A
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